Resumo
Os laços múltiplos que ligam as pessoas no quadro de uma comunidade propiciam o desenvolvimento de redes relacionais que tendem a estender-se por gerações. Dado que as comunidades não são essencialmente redutíveis a agrupamentos de natureza formal, elas não podem ser descritas em termos de processos de integração formal, mas antes por recurso ao seu modo de vida, que radica em relações culturais de natureza processual, fundadas em representações e valores comuns. A investigação deste grupo debruça-se sobre a construção dos processos de diferenciação social em duas direcções principais: 1) as formas como as relações familiares primordiais promovem assimetrias de poder baseadas nos valores do género; 2) analisar os grupos sociais e de estatuto de modo a compreender como é que as assimetrias sociais são produzidas e reproduzidas no contexto geral da sociedade portuguesa. Esta linha de pesquisa visa portanto trazer o contributo da antropologia para o debate e elucidação destas questões, pois através do trabalho de campo pode alcançar-se uma apreensão da vida social e cultural que permite compreender as relações de poder não formais e os modos como certos fenómenos de natureza social e económica influenciam a produção de relações hegemónicas e de assimetrias sociais que constituem a base dos grupos de poder.